Coluna – Caminhando pela vida
Eu tive uma grande aula algumas semanas atrás sobre análise de marcha(como nós caminhamos) com o Dr Guilherme Brodt e além do conhecimento específico e técnico foram discutidas algumas reflexões que quero dividir com vocês e apresentar um pouco do raciocínio.
Também sei que estamos no período de conscientização do outubro rosa e muita gente espera algo sobre isso, mas tem muita gente falando sobre isso e não poderia dizer nada melhor que o TELESSAÚDERS apresentou, então vamos falar de caminhar.
Caminhar é ir do ponto A ao ponto B, é se locomover, é ir em direção a algo, normalmente para frente, é afinal, como atingimos o mundo e o que nos permite interagimos na maioria das vezes com as coisas distantes. Claro que hoje temos comunicações melhores e formas de obter serviços e mercadorias sem a presença física, mas evoluímos para nos locomover e assim conquistar o mundo. E se extrapolarmos, nascemos para nos movimentar, a vida é movimento de partículas, de células, neurotransmissores, pensamentos, corpos, ideias.
Como viram as minhas ideias se movimentaram talvez rápido demais, o que eu queria apresentar para vocês é um artigo que estudou mais de 34 mil pessoas idosas e depois discutir como isso nos afeta. O estudo em questão conclui que velocidade de caminhada do indivíduo era uma forma de estimar expectativa de vida, quem era mais rápido vivia mais, quem era mais lento tinha uma expectativa menor de vida. Normalmente para esse tipo de estimativa usamos fórmulas com idade, sexo, doenças prévias e várias conjecturas, mas nesse caso um dado simples nos fornece essa informação.
Com isso podemos planejar intervenções, avaliar riscos e benefícios de medicamentos, prioridades de atendimento e manejo, decidir com a família e o paciente o quanto seremos agressivos ou permissivos num tratamento. Um exemplo prático: Uma paciente com expectativa de vida de 30 anos e outra com 3 anos, ambos com diabetes, no primeiro paciente teremos metas muito mais rigorosas que na segunda, pois os danos ao longo do tempo serão acumulados muito mais tempo, além do que o próprio tratamento pode ter efeitos adversos e causar grau de incômodo ou sofrimento na vida do paciente. Para a segunda paciente o seu pão com nata e geleia pode ser uma das suas poucas alegrias.
Caminhar então tem esse poder na nossa vida? Talvez o exercício em si não tenha tanto poder isolado, mas o caminhar reflete as diversas condições da nossa vida, condições que poderiam ser avaliadas nas fórmulas que falei antes, a idade, as doenças que o paciente tem e que já teve, determina na maioria das vezes a capacidade da pessoa de ter acesso aos recursos de saúde e vida, acesso a facilidades em geral, e grau de independência. A ausência do movimento também causa danos ao nosso corpo, redução de mobilidade, contraturas, machucados, perda de força, massa óssea.
A mensagem final é: movimente-se, seja ativo, dedique-se a recuperar sua mobilidade o máximo que puder, invista no seu paciente, familiar, amigo para que se recupere e faça suas reabilitações.
E claro, a tendência é: quanto mais rápido nossos passos, mais lentamente passamos pela vida.
DR. Leonel Machado Paz – cremers 43054