Coluna Saúde / Dr. Leonel Machado Paz

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Eu só melhoro com uma benzetacil, todo ano é isso

Eu estava lendo algumas notícias quando uma reportagem do “O Globo” me chamou atenção, falava sobre crise na pesquisa de novos antibióticos e me lembrou que do dia 18 ao dia 24 de novembro foi a Semana Mundial de Conscientização do Uso de Antimicrobianos(Antibióticos). Para muitos de vocês não chamaria atenção, mas como veremos isso é um problema de todos nós e a maioria de nós tem alguma culpa no cartório.

Para não ficar muito tedioso e longo, vou dividir essa coluna em duas, a primeira com alguns conceitos e a segunda com a discussão dos nossos pecados.

O primeiro conceito que vamos definir: O que é uma bactéria? Se tem filhos no final do ensino fundamental ou no ensino médio, eles têm essa resposta, mas basicamente são seres compostos por uma célula e com uma parede ao redor a protegendo. Costumam ser muito pequenas, podem se organizar em grupos, ter as mais variadas formas e viver nos lugares mais variados possíveis, isso inclui ao redor de vulcões, na nossa pele e mesmo no nosso estômago e intestino. Essas pequenas são essenciais para a vida em todo planeta e algumas nos causam doenças. Como disse, elas são muito diferentes entre si, tendo diversos tipos e mecanismos de defesa e muitas delas são muito adaptáveis.

O segundo conceito que definiremos é: O que é um antibiótico? É uma substância/molécula que mata bactérias, ou impede que elas façam algo(e nosso corpo cuide delas). Essa substância tem que fazer isso no nosso corpo e causar menos estrago que a bactéria que queremos matar(Eu disse BACTÉRIA, não vírus, para matar vírus eu preciso de outra coisa, mas o princípio é o mesmo), isso é importante, pois detergente mata bactérias, mas injetar detergente em alguém não é algo recomendável, esse é um princípio que vale para vírus e tudo mais. Outro exemplo é um meme famoso na internet, ao encontrar um aranha na casa, a pessoa coloca fogo na casa inteira e foge, é um método que realmente funciona, mas o prejuízo… Também podemos citar a cloroquina e ivermectina que ficaram tão famosas na pandemia, elas em testes de laboratório funcionam muito bem para matarmos um vírus(basicamente temos uma piscina com a bactéria/vírus/fungo que queremos estudar e derramamos um certa quantidade de substância e vemos o que acontece), mas a quantidade era muito maior que um ser humano poderia tolerar. Também tenho que acrescentar que normalmente essas substância não são efetivas para toda e qualquer bactéria, existem tipos, mecanismos de ação diferentes, locais que passam pelo corpo, famílias de bactérias que são afetadas, resumindo: não são chaves que abrem todas as portas.

terceiro vamos responder: Quando usamos um antibiótico? Aqui que mora a grande pegadinha que conversaremos na próxima coluna, então preste atenção. Usamos antibiótico em alguém quando estamos diante de uma INFECÇÃO BACTERIANA(eu não disse inflamação, posso falar da diferença em uma próxima) ou quando desconfiamos de uma infecção bacteriana ou quando estamos prevenindo uma infecção bacteriana(algumas cirurgias, doenças e ocasiões especiais). Preste bem atenção, não usamos para gripe(vírus), para resfriado(vírus), para qualquer arranhão na garganta(vírus, rinite, gritos na festa), nem para bronquiolite(vírus), nem para asma. Não é para qualquer febre, não é sobre a criança que está há 5 dias com febre, é para casos que se sabe que é uma bactéria ou se desconfia disso. Uma otite média aguda é um exemplo que usamos, uma conjuntivite bacteriana usamos, uma pneumonia bacteriana, sífilis, gonorreia, vaginose bacteriana. E para chegar no diagnóstico ou desconfiança temos critérios, sinais e sintomas que indicam isso.
No próximo encontro voltaremos para 1928 e os problemas e brigas do nosso século e juro que o título fará mais sentido.

Acesse aqui a segunda coluna: Eu so melhoro com uma Bezentacil, todo ano é isso!

DR. Leonel Machado Paz – cremers 43054

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